Comissão de Meio Ambiente visitou, nesta quinta (27), obras pactuadas em acordo para reparar área atingida por rompimento de barragem em Brumadinho.
Aumentar a capacidade da Estação de Tratamento de Água Fluvial (Etaf), que trata as águas do ribeirão Ferro-Carvão, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Essa foi uma das demandas apresentadas pelo presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputado Tito Torres, nesta quinta-feira (27/4/23), ao fim de visita ao local.
A atividade teve como objetivo verificar o andamento das obras nas áreas afetadas pelo rompimento da barragem da Mina de Córrego do Feijão da mineradora Vale no município, em janeiro de 2019. Elas foram pactuadas por meio do Acordo de Reparação Integral, assinado em 2021, pela empresa, Governo do Estado, Ministério Público Estadual e Federal e Defensoria Pública.
A Etaf, localizada próximo à confluência do ribeirão Ferro-Carvão com o rio Paraopeba, funciona desde maio de 2019, tratando dois milhões de litros de água por hora. A implantação foi uma das medidas da Vale para impedir que os sedimentos decorrentes do rompimento da barragem avançassem pelo rio.
A estação de tratamento separa a água do córrego dos resíduos sólidos a partir de um processo de decantação, passando pela filtragem, e então a água retorna ao Paraopeba limpa, com turbidez abaixo de 100 NTUs, dentro dos padrões determinados pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama).
Segundo o deputado Tito Torres, conforme demonstrado na visita, que incluiu a Estação de Tratamento de Água, o processo parece estar adequado. “Mas ele não abarca um grande percentual da água do ribeirão”, destacou, reforçando a necessidade de aumentar o tratamento da água da localidade.
Desdobramentos
Tito Torres acrescentou que a visita terá vários desdobramentos. Em conjunto com as deputadas Ione Pinheiro, vice-presidente da comissão, e Bella Gonçalves, ele solicitou da Vale o repasse de indicadores sobre o monitoramento da água no rio Paraopeba.
Os parlamentares também disseram que vão se atentar ao funcionamento de estações de tratamento de esgoto de municípios ao longo do rio, que também é impactado pelo esgoto doméstico.
De acordo com a deputada Bella Gonçalves, o rio Paraopeba historicamente é poluído e o rompimento da barragem piorou esse cenário. Em sua opinião, o tratamento da água mostrado na visita contrasta com os relatos de atingidos. “Temos comunidades da região que são abastecidas há anos por meio de caminhões-pipa”, disse Bella Gonçalves.
A deputada Ione Pinheiro reafirmou o compromisso da Comissão de Meio Ambiente em continuar a verificar o cumprimento das condicionantes do acordo firmado.
Iniciativas implementadas
O gerente de Meio Ambiente da Vale, Vítor Pimenta, enfatizou, na visita, que o aumento da capacidade da Estação de Tratamento de Água já está em discussão na empresa.
Além dessa questão, ele pontuou que a mineradora faz diversos estudos ambientais ao longo do rio Paraopeba, em seus afluentes e nas suas margens, tanto em áreas impactadas quanto em locais não atingidos pelo rejeito.
Conforme contou, são 70 pontos de monitoramento da água. Ele comentou que as análises demonstram que o ribeirão Ferro-Carvão, que foi mais impactado, e a região próxima a ele ainda apresentam algumas alterações em relação à qualidade da água. “Depois da Termelétrica de Igarapé (RMBH), no entanto, já não vemos danos”, comentou.
Além disso, Vítor Pimenta relatou que há pontos de monitoramento da biodiversidade aquática e de biodiversidade terrestre (fauna e flora) e que todo o rejeito movimentado no local também é verificado para que um possível contaminante seja segregado.
“Mais de 700 amostras de rejeitos demonstraram que a reatividade ambiental é baixa”, afirmou Vítor Pimenta, gerente de Meio Ambiente da Vale.
Ao longo da visita, gestores da Vale mostraram obras emergenciais que foram construídas para a contenção dos rejeitos como barreiras hidráulicas e de estabilização, diques e um reservatório.
Buscas
As buscas aos três desaparecidos, vítimas do rompimento da barragem, continuam sendo prioridade naquela região. O major do Corpo de Bombeiros Elias José Luciano, presente na visita, salientou que, com o passar do tempo, foi preciso aperfeiçoar o manejo dos rejeitos na tentativa de localizar mais vítimas.
Atualmente, a corporação está fazendo o peneiramento dos rejeitos. Só depois que eles são analisados é que são destinados para a Pilha de Depósito de Rejeito (PDR) União temporariamente e, depois de forma definitiva, para uma cava inativa.
Atualmente, são 20 bombeiros envolvidos com as buscas que ocorrem em todos os dias da semana.
No início da atividade, a deputada Ione Pinheiro solicitou que fosse feito um minuto de silêncio em memória às 272 vítimas do rompimento da barragem.
Informações do Portal da ALMG