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Autismo tem semana de conscientização

Programação da ALMG e entidades parceiras começa nesta segunda (2), com debates, rodas de conversa e oficinas.
Como aprendi a brincar com meu filho? Meu aluno tem transtorno do espectro autista (TEA), o que fazer na sala de aula? Como vencer ainda desafios no mercado de trabalho? Questões como essas vão estar no centro das atenções de especialistas, pais, educadores, artistas e pessoas com TEA durante aSemana de Conscientização sobre o Autismo, realizada pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e 32 entidades parceiras.

A programação será aberta nesta segunda-feira (2/4/18), às 14 horas, com o Fórum Intersetorial sobre a legislação relacionada ao assunto, na sede da Prefeitura de Belo Horizonte (Avenida Afonso Pena, 1212 – Centro). Ainda na segunda, e até o domingo (8), o Palácio da Inconfidência, sede do Legislativo mineiro, estará iluminado com a cor azul, que marca a campanha de conscientização sobre o autismo em todo o mundo.

Nos demais dias, as atividades realizadas em vários espaços da ALMG incluem audiências públicas, simpósio com palestras e debates, rodas de conversa, exposições artísticas, lançamentos de livros, cinema comentado e oficinas. Todas as atividades são gratuitas e para algumas há possibilidade de inscrição prévia.

Realizadas pela Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da ALMG, as audiências públicas serão na terça (3), às 16 horas, sobre a judicialização de demandas do autista, e na quarta (4), às 14 horas, sobre a inclusão social do autista, ambas no Auditório da Assembleia.

 

Semana – A Semana Estadual de Conscientização sobre os Transtornos do Espectro do Autismo é prevista na Lei 22.419, de 2016. Ela coincide com a passagem do Dia Mundial do Autismo, celebrado em 2 de abril.

Entre as entidades e órgãos parceiros da programação, está, além da Prefeitura de Belo Horizonte, a Comissão das Associações de Defesa dos Direitos dos Autistas de Belo Horizonte, que é formada pela Associação de Apoio à Deficiência Nossa Senhora das Graças (Agraça), Associação dos Amigos dos Autistas de Minas Gerais (AMA-MG) e Associação da Síndrome de Asperger no Transtorno do Espectro do Autismo em Minas (ASA TEA MG).

No Centro de Referência da Juventude (CRJ) também haverá atividades na sexta (6), com o Encontro Cultura, envolvendo ações culturais e oficinas de arte.

 

Famílias ainda enfrentam “pseudo inclusão”

Hoje com 24 anos, Henrique Grandinette é formado em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), cursa Direito em uma faculdade particular e trabalha como intérprete autônomo de japonês, inglês e espanhol.

O aprendizado das línguas foi iniciado pelo inglês, ainda criança, em videogames, antes mesmo de frequentar aulas. Já o interesse pelo japonês começou em desenhos animados e resultou na proficiência, atestada em exame recente, feito no Rio de Janeiro.

Tudo isso por mérito e habilidades próprias, que foram abraçadas e incentivadas pela família, num percurso nada fácil, conforme relata a mãe, Izabel. “No nosso caso, o diagnóstico inicial foi de que ele tinha transtorno de déficit de atenção. Somente aos nove anos de idade chegou-se ao diagnóstico de autismo, e tudo isso numa época ainda mais difícil do que hoje”, revela Izabel.

Segundo ela, sensibilizar professores, recorrer a aulas particulares, buscar tratamento pela via judicial e arcar com altos custos dos medicamentos são lutas diárias de famílias como a sua, que enfrentam nessa trajetória o que ela define como uma “pseudo inclusão”.

Não à toa, rodas de conversa na ALMG discutirão na quinta (5) temas como “A montanha-russa do autismo, do diagnóstico à aceitação”, o acesso a planos de saúde e a mediadores em sala de aula.

“Essas discussões são importantíssimas. Além da capacitação, o que faz a diferença é vivenciar o autismo com sensibilidade e afeto, porque cada um é de um jeito”, defende Izabel, que preside a Associação da Síndrome de Asperger (ASA TEA).

O filho endossa, acrescentando que conhecer mais sobre o autismo ajuda a evitar situações de hostilidade como as que ele encontrou com maior força no primeiro curso universitário.

“Era como se eu fosse invisível. Uma pena, porque o curso forma justamente futuros professores”, lamenta Henrique, para quem é importante “pensar não só na criança autista, mas no adulto e sua inserção no mercado de trabalho”.

 

Mercado desconhece potencialidades

Buscar habilidades, e não o que é igual. Para o médico Walter Camargos, especialista em Psiquiatria da Infância e Adolescência, o mercado de trabalho ainda peca na seleção para cumprir as cotas legais para contratação de pessoas com deficiência.

Walter vai falar sobre potencialidades de pessoas com TEA, no painel sobre autismo e os desafios no mercado de trabalho, que integra a programação de debates da sexta-feira (6), no Auditório José de Alencar.

“As pessoas com o transtorno precisam ser mais inseridas no mercado. De modo geral, as empresas não conhecem o autismo ou não gostam de pensar em habilidades”, afirma o psiquiatra. Ele avalia que muitos empregadores ainda não entendem ou identificam características que podem levar pessoas com autismo a terem uma inserção de fato interessante no mercado.

Segundo o especialista, o TEA atinge cerca de 1,5% da população mundial, com manifestações em diversos graus, havendo pessoas autistas adultas que se desenvolveram mesmo sem tratamento e cuja condição não é percebida nem conhecida em círculos que frequenta.

Também convidado para discussões sobre o autismo e a inclusão no mercado de trabalho, Hugo Delgado Pradas vai participar com sua experiência própria. Hoje com 24 anos, ele está em seu terceiro emprego, atuando há quase dois anos na área de recursos humanos da empresa Telemont.

Hugo conta que a família recebeu seu diagnóstico de autismo quando ele tinha três anos de idade. Conta, ainda, que concluiu o ensino médio e está feliz no emprego. “Quando a gente vê as pessoas ajudando umas às outras, como no meu trabalho, percebe que está sendo exemplo para quem acha que as pessoas não podem superar seus limites”, diz ele, a quem sua gerente, Josilene Santos, se refere como “muito produtivo e querido na empresa”.

O que é – O autismo não é considerado uma doença a ser curada, mas uma condição neurológicatratável por meio de terapias multidisciplinares. Para vários especialistas, deve ser entendida segundo a perspectiva da neurodiversidade, que entende que diferentes condições neurológicas, entre elas o TEA, devem ser reconhecidas e respeitadas como qualquer outra diferença humana.

Em vários casos, o tratamento é indicado sobretudo na infância, porque o estímulo à comunicação e à socialização ajudará em um melhor desenvolvimento educacional.

 

Informações Portal ALMG

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